Mayara Penteado Petruso, de 21 anos, era estudante de Direito de uma faculdade particular na capital paulista e era sustentada pelo pai, proprietário de uma rede de supermercados.
Hoje, sete meses depois, a jovem deixou a universidade, os amigos de São Paulo, vive reclusa em Bragança Paulista, no interior do Estado, e responde a um processo erroneamente cadastrado na Justiça como "pornografia infantil".
O paradeiro da ex-estudante é desconhecido até mesmo por pessoas próximas à família. No condomínio onde ela estaria morando, nem mesmo o porteiro demonstrou ter conhecimento sobre a polêmica na qual a jovem se envolveu. As informações são do saite Último Segundo (IG), em texto da jornalista Nara Alves.
O divisor de águas na vida de Mayara foram os posts que publicou na Internet após o resultado da corrida eleitoral do ano passado, em que Dilma Rousseff foi eleita presidenta. Em suas páginas no Twitter e no Facebook, a jovem atribuía a vitória de Dilma ao Nordeste e defendia o assassinato de nordestinos por afogamento. "Nordestino não é gente", publicou.
As declarações lhe renderam um processo criminal aberto na última quarta-feira pela Justiça Federal a pedido do Ministério Público Federal.
Ninguém da família foi encontrado pela repórter para comentar o processo aberto contra Mayara.
Também não consta no extrato de movimentação processual que ela tenha contratado até o momento um advogado que pudesse responder às solicitações em seu nome. Na ação, a jovem não responde por racismo, como era a intenção do MPF, mas sim por "pornografia infantil via Internet".
A 9ª Vara, onde tramita o processo, alegou que "pode ter havido um erro na distribuição da ação penal contra a ex-estudante de Direito". O suposto erro, contudo, não foi detectado por nenhuma das partes envolvidas e permanece nos registros da Justiça Federal.
Segundo a secretaria da 9ª Vara, a correção se dará quando a ré for intimada. Se ela não tiver condições financeiras de contratar um advogado, poderá utilizar os serviços da Defensoria Pública.
Mayara é filha do empresário Antonino Petruso, proprietário da rede de supermercados Mercado do Papai e de um terreno de 27 mil m² para eventos em Bragança. À época das declarações polêmicas, ele afirmou em entrevista ao iG estar "surpreso, decepcionado e envergonhado" com atitude da filha.
Um amigo da família contou ao IG que Mayara não mantem contato com o pai ou com as três irmãs que ela tem pelo lado paterno. Desde que fez as declarações ofensivas a nordestinos, Mayara foi demitida do estágio, interrompeu os estudos, afastou-se dos amigos e voltou para Bragança.
Nenhum parente próximo à jovem concordou em conceder entrevista sobre a ação criminal. Na rede de supermercados da família, secretárias informaram que Antonino Petruso enfrenta "um sério problema de saúde" e teve de licenciar-se de suas atividades profissionais. Uma das irmãs da jovem também preferiu não se pronunciar.
Procurada, Mayara não retornou às solicitações da jornalista.
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