Vítimas percorrem a Amazônia para mostrar a tragédia do escalpelamento.
Por conta disso, atualmente, Rosinete é uma mulher determinada a ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo problema, que não é raro nos rios da Amazônia. Ela foi presidente da Associação de Mulheres Ribeirinhas e Vítimas de Escalpelamento da Amazônia por quatro anos e resolveu deixar o cargo no ano passado para se dedicar à conclusão de sua graduação.
A atual presidente da Associação é Maria do Socorro, que fundou a entidade em 2007. Ao todo, a instituição conta com 119 pessoas que já sofreram escalpelamento, a maioria mulheres, tendo em vista o comprimento dos cabelos. Eles recebem apoio psicológico e passam por um processo de ressocialização. Além disso, são realizadas, frequentemente, campanhas para conscientizar os
ribeirinhos a tomarem precauções para que os incidentes não ocorram.
De acordo com Rosinete, os integrantes da entidade vão, pessoalmente, às escolas para darem palestras, falam com os ribeirinhos dando informações necessárias sobre os equipamentos para a cobertura dos motores de barcos, que é o principal causador dos acidentes. Esta proteção é distribuída gratuitamente pela Marinha do Brasil.
"Nós poderíamos distribuir folders aos ribeirinhos para informarmos sobre os cuidados com o motor do barco, mas, quando vamos falar com eles e eles nos veem escalpeladas, sem sobrancelha, usando peruca, causa um impacto, o que acarreta uma maior conscientização”, explica Rosinete.
Rosinete Rodrigues afirma que ao verem as vítimas escalpelas, sem sobrancelha e usando peruca, as pessoas se sensibilizam mais rapidamente.
Antes da fundação da instituição, a luta das mulheres escalpeladas era invisível. Os casos de crianças, mulheres e até homens escalpelados na Amazônia começaram na década de 1970, quando os motores a combustão chegaram e começaram a ser utilizados nos barcos. Além do couro cabeludo, as vítimas podem perder orelhas e pele do pescoço e do rosto.
Em 2007, depois de participarem de algumas conferências, a deputada federal Janete Capiberibe (Partido Socialista Brasileiro – PSB – Amapá) apresentou, a pedido das vítimas, o Projeto de Lei que obriga a cobertura do volante e do eixo do motor dos barcos ribeirinhos e, em 2009, foi sancionada a Lei 11.970/2009. No ano seguinte, o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores – PT), sancionou a Lei 12.199/2010, tornando o 28 de agosto como o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento.
Ana Clara JovinoEstudante de Jornalismo pela Faculdade 7 de Setembro (FA7).
Adital
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