Um abatedouro clandestino situado no bairro São Caetano, município de Campo Largo, foi fechado na tarde de quarta-feira (28), durante uma força-tarefa policial. O local funcionava de forma degradante, sem nenhuma inspeção sanitária, e os animais eram abatidos de maneira cruel. A ação conjunta foi realizada pelas Delegacias de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Delcon), Estelionato (DE) e Campo Largo, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Um homem de 54 anos, responsável por realizar a entrega das carnes para alguns estabelecimentos comerciais em Curitiba e região, foi preso. Ele não esboçou reação no momento da prisão, sendo autuado em flagrante pelos crimes de maus tratos a animais, expor e vender produtos em desacordo com as normas, causar poluição de qualquer natureza e redução à condição análoga a escravo.
As investigações iniciaram depois que policiais da PRF perceberam uma aglomeração de urubus sobrevoando a região. Desconfiados da situação, levantaram informações sobre o lugar e suspeitaram de que se tratava de um abatedouro clandestino. Após notificar a Polícia Civil sobre os fatos, em diligência conjunta, as equipes se deslocaram até o local constatando uma série de irregularidades. Logo na entrada o abatedouro, os policiais encontraram um funcionário com um bezerro de apenas 12 horas de vida – que havia acabado de ser morto a facadas e marteladas. Investigações apuraram que a carne do animal seria posteriormente vendida no varejo como vitela (carne de bezerros que ainda não criaram músculos e possuem a carne macia).
Os policiais também encontraram um gado que havia sido sacrificado há pouco tempo, morto da mesma forma que o bezerro. Em diligências pelo terreno, as equipes encontram duas covas cheias de carcaça. Uma das covas já aparentava a exposição do lençol freático.
Devido a situação crítica do local, a polícia acionou a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Paraná (Adapar) e a Vigilância Sanitária de Campo Largo. O local foi lacrado e as investigações estão em andamento.
“Esse local funcionava em condições precárias, sem nenhum alvará, sem licença ambiental, nem fiscalização dos órgãos competentes. Uma situação bem complicada que causaria danos à saúde do consumidor”, comenta o delegado-titular da Delcon, Guilherme Rangel.
TRABALHO ESCRAVO – Quatro funcionários do abatedouro foram encaminhados até a Delegacia de Campo Largo para prestar esclarecimentos. Segundo informações apuradas pela polícia, as quatro pessoas trabalhavam sob condição escrava, em troca de moradia e uma pequena quantia em dinheiro em torno de R$ 600 a 800 mensais.
Sem nenhuma proteção ou equipamento de segurança, os funcionários do abatedouro trabalhavam sem folga e sem seus direitos trabalhistas, de segunda a segunda, “Eles ganhavam pouco e mal podiam sair do local”, conta Rangel.
Os responsáveis pelo abatedouro, podem responder pelos delitos de venda de mercadoria imprópria para consumo, crime ambiental (pelo descarte dos produtos inadequados) e redução à condição análoga a escravo. As diligências seguem com o intuito de identificar os envolvidos nos crimes, bem como as empresas que compravam essas carnes.
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