segunda-feira, 23 de julho de 2018

Como a Samsung pode se tornar a grande vencedora na batalha entre Google e UE



Em uma decisão histórica, a União Europeia (UE) multou o Google em um valor recorde de 4,3 bilhões de euros sobre a maneira como a gigante de tecnologia tem distribuído o Android. Na decisão, o tribunal ordenou que a empresa alterasse a maneira como agrupa seus próprios aplicativos no sistema operacional móvel, especificamente Google e Chrome, em 90 dias, em um esforço para dar aos seus "rivais a chance de inovar e competir".
O Google discorda e prometeu recorrer da decisão. Embora o caso provavelmente se estenda por anos antes que qualquer ação final seja tomada, é quase certo que a decisão afetará a forma como a empresa desenvolve e distribui futuras versões do Android. Uma multa tão grande não deverá ser totalmente revertida na apelação, então há uma boa chance de que o Google seja forçado a mudar o Android de alguma forma.
Com bilhões de dispositivos na natureza e quase 80% de participação de mercado, o Android certamente não corre o risco de perder sua fortaleza. Mas um dos seus maiores parceiros poderá ganhar muito com isso e estamos falando da Samsung.
Livre, mas nem tanto
O Android tem uma reputação de ser gratuito e de código aberto, mas isso não é totalmente verdade. Embora as OEMs sejam livres para manipular o código Android como quiserem, sem restrições - como, por exemplo, o Amazon Fire OS - a maioria dos fabricantes de celulares prefere usar a versão Google Play Store do Android, que é muito mais condicional.
O Google faz acordos de licenciamento com as principais OEMs, não para o uso do Android em si, mas para garantir que os aplicativos do Google sejam o padrão em todos os smartphones. É por isso que, ao comprar um telefone da Samsung, Huawei, LG ou Google, existe uma experiência de linha de base Android vinculada a aplicativos e serviços do Google: Play Store para aplicativos, Google para pesquisa, Chrome para navegação na Web e Assistente para Inteligência Artificial.
É isso que a UE considera ser uma prática anticoncorrencial. Embora o Google ofereça essencialmente o sistema operacional gratuitamente, "fazendo pagamentos a grandes fabricantes e operadoras de rede com a condição de que nenhum outro aplicativo de pesquisa ou mecanismo de pesquisa seja pré-instalado", ele efetivamente exclui qualquer chance de concorrência nos aplicativos mais importantes.

Android sem o Google
Por outro lado, a maioria das pessoas quer os aplicativos do Google. Ao comparar Android, o iOS, o Windows ou o MacOS, o Google Chrome está entre os navegadores mais usados. E a decisão da UE não deverá mudar isso para uma grande parte da base de usuários do Android.
Mas poderá mudar para a Samsung. Ao comprar um celular Galaxy S9, o usuário não está apenas comprando os apps do Google, mas está obtendo uma "Experiência Samsung" completa que pode operar totalmente independente do Google. Por exemplo: em vez de iniciar o Chrome na primeira vez que abrir um link no seu Galaxy S9, a pessoa tem a opção de definir um padrão: o Google Chrome ou o Samsung Internet.

Experiência Samsung com tecnologia Android
Muitos fabricantes já criaram seus próprios aplicativos de Mensagens, Galeria e E-mail, mas o navegador é uma história completamente diferente. A Samsung é a única a oferecer um conjunto completo de serviços e aplicativos que competem com o Google. Ela até deixa de enfatizar os aplicativos do Google em sua interface de telefone – eles estão escondidos em sua própria pasta dentro da gaveta de aplicativos.
Embora seja improvável que a Samsung abandone o Android por seu próprio sistema operacional Tizen, que é usado nos relógios Gear, a ação permitiria à Samsung apresentar um sistema em que os aplicativos do Google funcionam como os de terceiros.
O CEO do Google, Sundar Pichai, protestou contra a decisão da UE. "Os fabricantes de telefone não precisam incluir nossos serviços e também têm a possibilidade de pré-instalar aplicativos concorrentes junto com os nossos", afirmou. "Isso significa que só ganhamos receita se nossos aplicativos estiverem instalados e se as pessoas optarem por usar nossos aplicativos em vez dos aplicativos concorrentes."
Michael Simon, PC World (EUA)
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