A egressa do mestrado e doutorado em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Estadual de Santa Cruz (PPGECB/Uesc), Nara Lina Oliveira Coutinho, juntamente com João Paulo Coutinho, desenvolveu um projeto que estuda e cultiva cogumelos comestíveis nativos da Mata Atlântica, a fim de produzi-los e comercializá-los na Bahia. O uso de cogumelos é cada vez mais frequente na culinária brasileira, todavia a produção nacional ainda é insuficiente frente à demanda do mercado interno, que recorre à importação. Considerando esse cenário mercadológico, a pesquisadora aproveitou de sua experiência com o cultivo de cogumelos shimeji e, após análises de campo e experiências laboratoriais, passou a explorar o potencial do cultivo de cogumelos nativos da Mata Atlântica, onde algumas espécies já foram encontradas em troncos de dendezeiros, por exemplo. Há também o investimento na produção de salmão, shimejis branco e espécies lenhosas silvestres do gênero Pleurotus. Segundo Nara, “o negócio tem o foco em biodiversidade, saúde e sustentabilidade, por utilizar técnicas de baixo custo e baixo impacto
ambiental. Isso traz grandes benefícios quando falamos de questões mais amplas como as mudanças climáticas, acesso a alimentos mais saudáveis e promotores de vida”. O cultivo ocorre em substratos diversos incluindo: capim, bagaço de cana, folhas de bananeiras, coqueiros e dendezeiros, entre outros materiais disponíveis. Um ponto importante é que o cultivo também pode ser feito em cascas de cacau e pupunha, que, apesar de representar cerca de 80% do fruto colhido, quase sempre foram descartadas pelos agricultores. Isso é possível através da adaptação de uma centrífuga com o método de pasteurização severa a vapor, conforme experimentos feitos na Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Foi durante sua bolsa de doutorado sanduíche na China, enquanto ainda estava no PPGECB/Uesc, que a pesquisadora se apercebeu de que, se no clima quente de Hong Kong era possível a produção dos cogumelos, aqui na região sul da Bahia também seria possível. A proximidade do produtor baiano permitiria assim maior rapidez na entrega desses alimentos ainda frescos e com maior frequência, além da qualidade dos mesmos, que se pretende, futuramente, assegurar através de um sistema de rastreamento via código QR. A dupla ainda promove cursos de produção artesanal de shimeji para disseminar os conhecimentos. A proposta, que está em fase de desenvolvimento e estruturação, foi aprovada no Edital Inventiva, da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), pela qual recebe apoio financeiro. Participam ainda do projeto a Dr.ª Ana Paula Trovatti Uetanabaro, do Departamento de Ciências Biológicas (Uesc); a discente Lívia Amanda Silva Rocchigiani Rocha, discente do curso de Ciências Biológicas (Uesc); e a egressa da Uesc, Ms. Letícia Magalhães Fernandes, atualmente professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Imagem:
Fapesb (BA)
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