Se há alguns anos, pesquisadores eram desqualificados quando defendiam que os solos tropicais do Brasil não precisavam de fertilizantes solúveis, pois no país já havia fontes minerais que garantiriam a produção agrícola, seja em estabelecimentos familiares ou empresariais, hoje a realidade é outra. “A teimosia de alguns cientistas produziu sementes e estamos aqui hoje discutindo o uso desses insumos que tem se mostrado eficiente para alterar e ampliar a fertilidade do solo favorecendo a obtenção de plantas tardias”, afirmou a pesquisadora em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural da UnB, Suzi Theodoro. Ela foi uma das convidadas para participar na tarde de quarta-feira (29) de uma audiência pública, realizada no formato semipresencial, na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados. Na pauta, as funções sociais, econômicas e ambientais dos remineralizadores de solos. O requerimento da audiência foi do deputado Camilo Capeberibe (PSB-AP). “Num momento em que o Brasil vive uma crise no fornecimento de fertilizantes, é muito importante esse debate de alternativas para o desenvolvimento da nossa agricultura com a utilização de matérias-primas e insumos que existem de maneira abundante no nosso país”, afirmou. De acordo com o chefe-geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, a Embrapa tem realizado pesquisas nesse tema desde 1999 e a tecnologia dos remineralizadores de solo já está sendo usada em 5 milhões de hectares, o que representa cerca de 7% da área de grãos. “É um número considerável, se formos pensar na quantidade de fertilizantes que importamos. Isso já impacta positivamente nos nossos custos de produção”, afimou. Atualmente, o Brasil importa 85% dos fertilizantes que utiliza. Com o uso da tecnologia, segundo Sebastião Pedro, tem sido possível reduzir os custos relacionados a fertilizantes e defensivos em cerca de 30%. “Os remineralizadores de solo são fontes nacionais de produtos que podem auxiliar muito a nossa agricultura tropical e movimentar a economia regional”, afirmou. Para o chefe-geral da Embrapa Cerrados, um novo modelo de agricultura está sendo inaugurado, associando remineralizadores e bioinsumos. “Trata-se de uma agricultura baseada em processos biológicos, muito mais eficiente dos pontos de vista econômico e ambiental”.Foto: Juliana Caldas - Acesse aqui a gravação da audiência pública.
Juliana Caldas (MTb 4861/DF)
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