Por Vivian Jones* |
Sendo assim, o primeiro ponto que é preciso destacar aqui é que first-party data, ou dados primários, são essenciais para o avanço da tecnologia, pois irão garantir qualidade da informação gerada, aprendida e devolvida ao consumidor.
Seguindo essa linha de raciocínio, é importante ressaltar que os dados primários não vêm por fontes quaisquer. Sendo cedidos diretamente pelos clientes, eles partem de uma relação de confiança e respeito entre marca e consumidor. A personalização gerada pelas interações que se baseiam nesses dados foi pedida pelo consumidor. Aqui podemos estabelecer que um bom relacionamento gera mais dados, gera dados com maior qualidade e profundidade e acaba impactando diretamente o treinamento e alimentação de toda a cadeia de relacionamento com o cliente, da qual as IAs fazem parte.
Esses são dados de uma relação construída com o tempo, com segurança e com ativa personalização. São um laço entre marca e consumidor. Só que essa relação não para aqui. Para que um consumidor ceda novos dados, aprofunde informações e se relacione com as marcas, sobretudo por meio de IAs, que não são humanas e já geram barreiras de diálogo, é preciso ter confiança, e essa confiança só é construída com a marca se comprometendo com seu cliente.
A edição de 2024 do Relatório de Engajamento do Cliente da Twilio apontou que 6 em cada 10 consumidores afirmam que proteger seus dados é a melhor maneira de conquistar sua confiança. Quando falamos de IA, os dados apontam que os consumidores querem saber exatamente como as empresas estão usando seus dados.
Além disso, 49% das pessoas afirmam que confiariam mais nas empresas se elas divulgassem abertamente o seu uso dos dados dos clientes nas interações com IA. Infelizmente, as empresas superestimam seu grau de transparência no que diz respeito à IA, e assim 91% delas acreditam ser transparentes com seus clientes sobre como a IA usa seus dados, mesmo que apenas 48% desses clientes concordem com isso.
Esses números precisam mudar. Com mais transparência, mais confiança. Com mais confiança, melhores relacionamentos. Com melhores relacionamentos, uma maior quantidade de dados é cedida de boa vontade. E com melhores dados, melhores IAs. Ao final, o sistema se retroalimenta, com IAs superiores gerando engajamento e relacionamentos mais profundos, inclusive quando a interação não vem pela IA, mas pelos agentes humanos que são auxiliados pelas IAs em pontos diferentes do atendimento/venda/oferta.
Quando falamos em construir IAs melhores, na Twilio, usamos o AI Nutrition Facts Label, criado com a intenção de dar aos consumidores e empresas uma visão mais transparente e clara sobre “o que está na caixa” - como seus dados estão sendo usados - especialmente quando se trata de treinar LLMs com fornecedores. Esses rótulos capacitam os clientes a tomar decisões informadas sobre quais recursos baseados em IA eles estão preparados para adotar.
Toda tecnologia do mundo depende do fator humano, que aqui se traduz em relacionamento, respeito e confiança. Para que investir em IA se sua empresa ainda não investe em seus clientes? Não basta ter uma IA à disposição de sua marca se ela não respeita o consumidor. No fim do dia, ela é apenas um investimento que não retorna tudo que deveria e que ainda pode gerar prejuízos e fazer desfavores ao seu relacionamento.
Invista em plataformas de dados do cliente, invista em IAs, invista em personalização, mas antes de tudo, invista no seu relacionamento com seu cliente, certifique-se de proteger seus dados, respeitá-los. Isso fará toda a diferença, pois a evolução da tecnologia começa na evolução das relações humanas!
*Vivian Jones é vice-presidente da Twilio para América Latina.
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