Foto: Gisele Rosso |
Mais de três mil propriedades leiteiras receberam consultoria individualizada de 247 técnicos em treinamento continuado. As propriedades integrantes do programa têm produtividade anual de 4.485 litros por hectare, enquanto a média geral brasileira é de 1.180 litros por hectare ao ano.
O conjunto de práticas preconizado pelo Balde Cheio contribui também para a sustentabilidade ambiental. A produção média brasileira de leite é de menos de 100 litros por dia. Cerca de 75% das propriedades participantes do programa produzem mais que o dobro no mesmo período. O número de propriedades atendidas aumentou em quase 60% no ano passado em relação a 2021. O Balde Cheio é uma rede de capacitação contínua, na qual as propriedades funcionam como “salas de aula”. O programa está na estrada há 25 anos, promovendo maior sustentabilidade ambiental e melhoria na qualidade de vida dos produtores de leite. Os números estão no Relatório de Avaliação de Impactos do Programa Balde Cheio, elaborado em conjunto pelos centros de pesquisa da Embrapa: Pecuária Sudeste (SP), que é líder do Programa; Cocais (MA), Rondônia (RO) e Pesca e Aquicultura (TO). A aplicação da metodologia propicia aumento da produtividade e da renda, em função da intensificação e melhorias nos sistemas de produção. Em 2022 foram analisadas propriedades em diferentes estados e com níveis tecnológicos iniciais muito diversos. “Nesse sentido, chama a atenção que, independentemente da produtividade inicial ou da região, a produção com a aplicação de tecnologias adequadas para cada estágio multiplicou por três ou quatro vezes”, destaca o coordenador do Balde Cheio, André Novo, que também é chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste. Estima-se que propriedades integrantes do programa têm produtividade anual de 4.485 litros por hectare, enquanto a média geral brasileira é de 1.180 litros por hectare ao ano. “O Balde Cheio promoveu uma mudança de chave dentro do processo de gestão da propriedade. Ao falar de gestão, refiro-me à propriedade, não apenas ao controle financeiro, do que entra e o que sai”, elogia Ingergleice Abreu, produtora da Agropecuária Saint Expedit, integrante do programa há três anos. Para ela, a equipe auxiliou na tomada de decisões a curto, médio e longo prazos. Inclusive animais que antes eram descartados, passaram a receber outro manejo e tornaram-se produtivos. “Aprendemos que, com medidas simples, podemos oferecer maior conforto animal, o que deixou o rebanho mais produtivo”, pontua, destacando a importância do técnico. “Tem sido fundamental a presença constante do técnico, que nos auxilia muito tirando dúvidas e nos apoiando. A equipe não impõe nada, não vende nada. As coisas são acordadas”, ressalta a produtora. Criado para melhorar o desempenho da pecuária leiteira, o Balde Cheio atua por meio da capacitação contínua de técnicos e produtores. O método contribui para o incremento da renda, em bases sustentáveis, com adoção de ferramentas de gerenciamento das propriedades e tecnificação, considerando a realidade local. Ou seja, o programa compartilha soluções de forma customizada, conforme as características de cada estabelecimento rural, de forma participativa, em que todos se corresponsabilizam pela tomada de decisões.
Sustentabilidade ambiental - O Balde Cheio também promove a sustentabilidade ambiental. “Temos percebido impactos positivos, no sentido de nascentes serem preservadas e águas em curso descontaminadas”, afirma o zootecnista da Embrapa Pesca e Aquicultura Cláudio Barbosa, responsável pelo projeto no Tocantins. Segundo ele, os efeitos negativos das estiagens diminuíram nas propriedades. “Houve aumento de áreas de sombra por meio do plantio de árvores, beneficiando a fauna silvestre, pássaros e insetos polinizadores. Além disso, houve preservação de matas ciliares e conservação de solos com declividades, evitando-se erosões”, sublinha. Outro ponto relevante notado no Tocantins e no Pará foi o abandono do uso da queima anual. Com a entrada no Balde Cheio, produtores contam que deixaram a prática de lado. Nos estados de São Paulo e Rondônia, alguns ressaltaram o aumento do consumo de água depois do Balde Cheio, com a irrigação das pastagens. Já no que diz respeito à qualidade do recurso, o efeito foi bom. Em Tocantins e no Pará, os animais não pisoteiam mais as margens de cursos d'água, contribuindo para a preservação e a redução do assoreamento. Há relatos de que, devido à maior preservação dos cursos d'água nesses estados, houve aumento da mata ciliar.
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