segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

‘Legge bavaglio’: Jornalistas protestam contra lei criada para restringir notícias sobre prisões preventivas na Itália


Uma alteração no Código de Processo Penal apelidada de “legge bavaglio” (Lei da Mordaça), aprovada na Câmara dos Deputados da Itália em dezembro e que foi para as mãos do Senado está provocando protestos de jornalistas e organizações de liberdade de imprensa locais e internacionais. Caso entre em vigor, a alteração proibirá “a publicação, total ou parcial, do texto da ordem de prisão preventiva até à conclusão da investigação inicial ou até à realização da audiência preliminar”. Segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), os jornalistas só poderão noticiar em termos gerais por que uma pessoa foi colocada em prisão preventiva, sem explicar em detalhes os motivos da detenção e quaisquer provas que a subsidiaram, como apreensões, escutas telefônicas e depoimentos. Justificativa para a Lei da Mordaça da Itália O projeto da chamada Lei da Mordaça é de autoria de Enrico Costa, deputado do partido de oposição de centro-esquerda Azione. A justificativa foi proteger a presunção de inocência e evitar que os detidos preventivamente sejam “julgados pelos meios de comunicação”. Os defensores da alteração no Código Penal argumentam que ela é necessária para “garantir o pleno cumprimento da Diretiva 2016/343 do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu, que diz dispõe sobre a presunção de inocência”. No entanto, a Federação Nacional de Imprensa Italiana (FNSI, na sigla em italiano) afirma que o dispositivo vai além do que determina a regulamentação europeia e viola a constituição do país. A Carta Magna italiana estabelece em seu artigo 21º que a imprensa não pode estar sujeita a mecanismos de autorização prévia ou censura. A entidade se uniu a outras associações de jornalismo para pressionar o governo a não sancionar a alteração, caso passe pelo Senado, e promete uma greve geral para salvaguardar a dignidade da profissão.

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